Projeto Lerelena

Projeto Lerelena

Em homenagem ao centenário do nascimento da poeta paranaense Helena Kolody iniciamos o Projeto Lerelena.

Nove poetisas do sul brasileiro se propoem ao desafio de ler relendo (ler helena) e interInvencionar. A proposta é confluir e colidir a nossa letra com a dela, helena. As interInvenções serão sempre sensibilizadas por poemas seus. Nesta primeira etapa partiremos de nove poemas que serão postados a cada sexta-feira.


Miragem no caminho (Helena Kolody)

Perdeu-se em nada,

caminhou sozinho,
a perseguir um grande sonho louco.

(E a felicidade
era aquele pouco
que desprezou ao longo do caminho.)



quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Pedro Port - degustação

                                                                                          (Foto: Agata)

O mês de setembro será dedicado a Helena Kolody, no dia 1 teremos nossa primeira postagem do Projeto Clube de escritura Helena Kolody.
Enquanto isso, apresento um presente que ganhei na semana passada de meu amigo Vicente Piacentini um livro do poeta Pedro Port, segue uma pequena degustação de Malmequer:



Fim de século
Finimilenar

Difícil acreditar nos sonhos 
mais difícil sonhar
impossível dormir

LIGUE LIGUE

Todo mundo liga
você liga ela liga ele fala
ligue o tempo todo
ligue ligue eu me calo
eu não ligo.





terça-feira, 21 de agosto de 2012

Helena Kolody - Bonequinha de setim

 Ontem agora (eu amo minha bonequinha de setim)

Eu não havia ainda contado como conheci Helena Kolody. Eu Jo Ana, amante das palavras desde sempre, encontro uma foto, que para mim mais parecia um santinho, na caixa de fotos de minha avó Jahir. Esta é uma amiguinha de Ponta Grossa, professora como eu...... não casou, não teve filhos, mas escreveu poesia. Estas palavras nunca sairam de minha cabeça.... ela escreveu poesia, ela escreveu poesia, ela escreveu poesia. Muitos anos depois, muitos anos depois, perguntei a minha vózica qual era o nome de sua amiga poeta e então, só então ela abre minha primeira vez com Helena e eu sonho com Paisagem interior, seu primeiro livro.....

Ontem na casa de Rodrigo.... na casa do ontem..... encontro o santinho, ou melhor, a santinha e sua letra mimosa....

Agora na sala branca do escritório de meu pai, não posso fazer diferente, dedico esta postagem e este dia de hoje

À minha suave bonequinha de setim, você vózinha, mãe, mulher.....Jô...... Jahir.... te amo demais.


sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Viagem do (des) cobrimento - Inhotim - última parte


Hoje faço minha última postagem sobre a Viagem do (des) cobrimento realizada pelas Marias Brasileiras, Ágata, Ametista, Ônix e Lápis Lazuli. Ainda teria muito para escrever sobre nossa viagem modernista pelo Caminho Real em Minas, mas deixo algo (muito) para ser devaneiado por aqueles que assim desejarem....

Depois de Ouro Preto, Mariana, São João del Rei, Tiradentes, Congonhas, Lagoa Santa, Sete Lagoas, Codisburgo e Itabira nossa jornada termina em Brumadinho! Sim, você já ouviu falar? Se você é mineiro, carioca ou paulista provavelmente não apenas ouviu falar como já esteve lá, mas se você é catarina, paranaense ou gaúcho vai ficar maravilhado!!!!!!!! Leia mais sobre Brumadinho e veja como fica muito perto de Belo Horizonte!!!!

Como foi feita a escolha?

Ágata era muitas vezes nossa co-copilota e como tal, ficava lendo sobre coisas e lugares interessantes para conhecer, estávamos decididas a passar nosso último dia em Minas na capital, mas já sabíamos que ia ser frustante, afinal 1 único dia em BH!!??? Bom, no dia anterior Ágata resolve então fazer a grande revelação: Eu não ia falar nada, mas tem um lugar aqui perto que vocês vão morrer se não forem, Inhotim. Um Jardim Botânico com mais de 500 obras de arte contemporânea!!!!



Então não tinha outra coisa a fazer, nós Marias modernistas brasileiras tínhamos que sentir isso de perto!!!!

Sem palavras para Inhotim- Instituto de Arte Contemporânea e Jardim Botânico esse foi lugar, o lugar, o lugar de cada uma de nós!!!!
Ônix disse que ia levar as amigas todas e ia ter filhos só para poder ir com eles lá, gente isso é sério ela realmente disse isso!!!
Ágata não acreditava que só tinhamos 5 horas para ficar lá!!!!! Queria ver tudo, mas era impossível!!!!
Euzinha, Maria Ametista, pela primeira vez peguei um mapa de um lugar pensei, pensei e disse que não importava por onde começar, não importava o que ver, tudo era tudo! Não havia necessidade de escolher o melhor, não havia como escolher!!!!!!

Bom, claro que depois de algumas coisas sentidas cada Maria teve sua escolha.....


Como não posso falar de tudo, ai vão algumas preferencias:

Ametista:

Na Galeria Lagoa uma exposição temporária dos artistas Thomas Hirschhorn, Cinthia Marcelle e
 Chris Burden


Tudo a ver com nossas leituras e dúvidas ontológicas!!!! Não dá para esquecer!!! A melhor parte era uma aviso grande na entrada para os pais e ou responsáveis alertando sobre o conteúdo impróprio para menores, os pais não entendiam, liam e nem ligavam, e as crianças pequenas viam as fotos de partes mutiladas do corpo de pessoas... as fotos eram muito reais e as crianças vendo aquilo era hiperreal!!!!!! 

A obra do suíço Hirschhorn já esteve exposta na Bienal de São Paulo, em 2006, e reúne, num mesmo espaço, diversos materiais efêmeros e caóticos como papel, cadeiras, livros, vidros, fitas adesivas, pregos e fotos de violência explícita.


A obra de Chris Burden uma coisa!!!!!! Veja o vídeo!!!

Vou fazer esta postagem em duas partes, ok....
Não esquecerei das preferências de Ágata e Ônix!!!!!  



terça-feira, 14 de agosto de 2012

Sobre as pedras - Sobre nós - A rede

 Até agora as Pedras citadas no blog formam um círculo muito forte de Marias brasileiras, uma rede... A rede que foi aqui citada algumas vezes, a primeira vez em Nota de agradecimento e depois em Marcas. Na primeira o agradecimento é na verdade a esta rede que não podemos viver sem, essa rede de marianas brasileiras, como diria nossa Ônix. Em Marcas, a Pedra Topázio, a pedra antes regalada a Otacília e não a Diadorim é regalada a todas as marias marianas brasileiras, isto é a Rede. . 
 Começo pelas participantes do Clube das quatro, as integrantes da Viagem do (des) cobrimento:


ÁGATA
Em uma palavra:  vitalidade
Nossa pedra dançarina, tem um senso de justiça muito forte, não para nunca de explicar as inúmeras questões entre o grupo.  Gosta de rir muito!!!! (as vezes sinto vontade de estar com ela ainda mais)
Ágata
Indicações: Proteção, amizade, justiça e vitalidade.   
Propriedades: Desenvolve a coragem e a autoconfiança. Ajuda no reconhecimento dos verdadeiros amigos e nos problemas ligados à justiça.
História: Os antigos romanos acreditavam que as Ágatas em forma de anéis poderiam oferecer-lhes poder e riqueza.
AMETISTA
Em uma palavra: imaginação/ou mundo da lua
Não saberia falar de mim mesma, acho que não sou a pedra e sim preciso muito dela!!!!! Gosta de ser lida!!!!
Indicações: Paz e espiritualidade.
Propriedades: É a pedra de maior eficácia na meditação. Transmite paz, espiritualidade, elimina o estresse e inspira a cura e intuição.
História: Os gregos acreditavam que a Ametista tinha o poder de transformar os maus pensamentos em pensamentos otimistas, além de proteger seu portador de falsas amizades.
LÁPIS LAZULI
Em uma palavra: segurança
Nossa mãe, registra todos nossos momentos, cuida da nossa comida, as vezes é nossa conciência. Gosta muito de ser abraçada!!!! (as vezes sinto vontade de agradecer sua presença)
Indicações: Confiança e segurança na tomada de decisões importantes.
Propriedades: Conhecida como a pedra dos Faraós, abre o campo mental estimulando a inteligência e autocontrole na tomada de decisões. É associada ao sexto chakra intensificando a captação e percepção de mensagens de outras dimensões.
História: Na Suméria antiga a pedra era muito associada às divindades em geral. Alguns diziam que a pedra continha a alma dos Deuses e Deusas dentro dela.
ÔNIX
Em uma palavra: criativa/introspectiva
Ônix é muito doce, mas as vezes pode ser amarga. Quando está feliz sua energia contagia todas as outras pedras, inventa nossa existência ...... Gosta muito de registrar, mas fazendo a direção sempre!!!!! (as vezes sinto vontade de a beijar muito)
Indicações: Concentração e proteção.
Propriedades: Traz sabedoria em decisões que precisam ser tomadas. Inspira proteção contra magia negra, encantamentos e feitiços. Estabelece harmonia entre o corpo e a alma.   
História: Foi utilizada por quase todos os povos como pedra de proteção contra magia negra encantamentos e bruxarias.
TURQUESA
Em uma palavra: nutritiva
Acho que Turquesa é muito emotiva, isso não significa instabilidade, sinto uma segurança nela, mas muito romântica. Gosta de nutrir e ser nutrida, trabalha muito bem com a troca!!! (as vezes sinto vontade de nutri-la mais e mais)
Indicações: Sucesso, Amigos, Amor, Felicidade
Propriedades: Proporciona sucesso comercial, favorece a auto-segurança e combate a depressão. Atrai novos amigos, o amor e a felicidade.
História: Seu nome significa "pedra turca". Para os turcos esta era uma pedra da sorte; para os egípcios e gregos era uma pedra de cura que protegia o corpo de todos os males.
MADREPÉROLA
Em uma palavra: inspiração
Esta é nossa madrinha, madrinhas das emoções, por isso Madripérola... Ela fala a língua das pedras, no seu mais intimo eu, e ela está sempre de portas e teclas abertas para dialogar!!!! Gosta das marcas deixadas na folha branca!!! (as vezes sinto vontade de a sugar ainda mais)

Indicações: Proteção e Riqueza.
Propriedades: Por estar associada ao dinheiro, pode-se usar a madrepérola para atrair dinheiro, riquezas e prosperidade.
História: A madrepérola (parte lustrosa do interior dos moluscos marinhos) era o meio de troca (moeda) em alguns povos como os polinésios.
ESMERALDA
Em uma palavra:  lente de aumento
Esmeralda é uma Maria que acaba de chegar em nossa rede...... Ela que tem a performance dos olhos mais que desenvolvida. Esmeralda é nossa protetora, sem ela euzinha não estaria calmamente clicando estas teclas....... Gosta de estar quentinha e de receber em sua casa!!!!! (as vezes sinto vontade de não ir embora)


Indicações: Rejuvenesce e protege os viajantes.
Propriedades:
É a pedra do amor incondicional, da confiabilidade e da fidelidade. em tratamento físico, tem efeito rejuvenescedor sobre a pele, além de ajudar na cura de infecções. Também é conhecida como a pedra dos viajantes por seu efeito protetor.
História:
No Egito, Cleópatra enfeitava-se com as mais belas Esmeraldas, pois acreditava que nelas estava a beleza eterna de Vênus que remoçava a aparência.
 

TOPÁZIO 
Este foi o presente que Riobaldo em Grande Sertão Veredas, escolhe para celebrar sua amizade com Diadorim, mas acaba dando para Otacília......
Indicações: Felicidade, Bom humor.
Propriedades: É uma excelente pedra para ser usada por atores e atrizes, pois favorece o sucesso no palco. Estimula nossas capacidades cênicas e musicais. Também é considerada uma pedra de proteção e sorte.
História: Os gregos acreditavam que dentro do Topázio azul reuniam-se os deuses do céu e da terra para deliberarem sobre como expulsar os males do céu e do mar para que mantessem sua cor azul transparente assim como o Topázio azul.

PEDRA DA LUA
Em uma palavra: leveza
Essa é uma pedra que nos acompanha sempre, que vem e volta, uma pedra que nenhuma Maria brasileira pode deixar de ter e ou perseguir.
Indicações: Fertilidade e sexualidade.
Propriedades: Atua no campo afetivo, ajudando a atrair o amor e a resolver problemas entre enamorados. Para as mulheres, inspira sensualidade e fertilidade.
História: Nos países Árabes até hoje a pedra da lua é considerada a pedra abençoada da família. As mulheres da Índia e Sri Lanka costumam fixar uma Pedra da lua em seus trajes para o equilíbrio da alma e da saúde. 

  

domingo, 12 de agosto de 2012

Despedida entre pedras

                                                     (Foto: Agata)

Despedida entre pedras


Madripérola (Denise Vieira)


Nada a fazer
a não ser dizer adeus...
mas é como o retrato de Itabira: dói.


Ametista (Jo Ana)


Nada a fazer 
a não ser dizer adeus...
mas é como a tarja preta descolada de nosso filme: queima.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

As Marias e as palavras

As palavras não são apenas instrumentos, as palavras são o nó de nós.....
o pensamento mente, o pensamento demente, como dizia ontem uma nova pedra indasileira, em uma festa de natal ao som de um Sitar.
De ordem completamente urgente as Marias em um movimento de nó de gravata borboleta sentem na palavra a demência da mente e com as palavras (des) mentem, basta saber ler!!!!


 MARCAS (eu amo as marias)



Dedico este diálogo entre três Marias brasileiras (Turquesa, Madripérola, Ametista) a outras três Marias brasileiras:

 Lápis Lazuli, Ônix e Agata.


MARCAS 
Turquesa

nós somos demais
muitos
ah
cá entre nós
muito cá
muitos nós
amamo-nos muito
mas
calamo-nos muito
muitos mas
ah
muito mais
nós demais
em sermos
nós demais




MARCAS

Madripérola (Denise Vieira)

Torto
Torcido
louco

Toco
ferido
frouxo

Pouco
exaurido
rouco

é o meu coração



MARCAS
 AMETISTA (Jo Ana)
Regalo a pedra Topázio
ao mais
não ao mas

Regalo a pedra Topázio
a laranja sendo descascada quase cortando o dedo
não ao simétrico ponto de partida

Regalo a pedra Topázio
a um lado da cama sempre desmontada
não ao rastro de um atalho fechado

Regalo a pedra Topázio 
a foto da janela da casa em Tiradentes
não ao teto escuro do quarto

Regalo a pedra Topázio
a nutrição voluntária das pedras
não ao tóxico cheiro de creme pós-copulação

Regalo a pedra Topázio
a  feliz dança trash das marianas
não ao singular filme dos amantes

Regalo a pedra Topázio
a livre escolha de estar ao vento
não a cena armada dentro de um quadro

Regalo a pedra Topázio
a vontade de sair da sacada vestida de flor amarela
não ao pé preso da mesa de ferro da sala

Regalo a pedra Topázio
a pele morena da morena que sempre mora comigo
não a folha de inverno idratada de saudade

Regalo a pedra Topázio
a coisa bonita que é ser bonita 
não ao beijo roubado no pé da calçada

Regalo a pedra Topázio 
a poesia fresca de doidas doídas
não ao poema formatado para a rata ruída 

Regalo a pedra Topázio
a voz machucada da menina de sempre
não ao bem desenhado gato do telhado

Regalo a pedra Topázio
a ideia de uma viagem
não ao silêncio de uma ideia

Regalo a pedra Topázio
a rede 
não a isca

Regalo a pedra Topázio
a fantástica roda das pedras
não ao viciado círculo dos poemas

Regalo a pedra Topázio
a leveza das Marcas...

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Viagem do (des)cobrimento (anexo 2) - A gravata borboleta e o pijama

Uma Maria brasileira saudadeana, Anali Mattar, resgatou um poema seu sobre a gravata borboleta, tudo a ver com nosso espírito Quitiano e as paixões coletivas, se explicar mais estraga. 
Para quem não sabe dar um nó, assista a aula do mestre gravateiro (o que não é o caso de nenhuma Maria brasileira, afinal todas são especialistas em nós).

11
Anali Mattar

e a saudade quando agarra a gente,
assim mesmo, qualquer hora, de pijama,

é sensação paciente de contornar com o dedo uma gravata
borboleta

num estado de perfeição minuciosa
cada ponto traçado junto
dedo na mesa, mesa no dedo
dedo na mesa, mesa no dedo
dedo na mesa, mesa no dedo

e o cavalheiro ao lado diz o que é a repetição poética

sentido de forma contínua o gesto,
sempre o gesto, mas este:esse, sem corte,

é sensação sem lógica, horizontal, que já nasce grande sem nunca
envelhecer

num estado de amargura se cerca de doce amargo
cada minuto passado junto
língua no dente, dente na língua
língua no dente, dente na língua
língua no dente, dente na língua

e a saudade que é corpo do prsente,
vira pra ele, possuida, requisitando as teclas

num estado de euforia dormente
cada letra junta no espaço branco
eu no tu, tu no eu
eu no tu, tu no eu
eu no tu, tu no eu

e a saudade dorme estão de gravata borboleta

terça-feira, 7 de agosto de 2012

(Viagem do (des)cobrimento - anexo) - Dedicatória


 
O que está escrito nesta primeira página de Tutaméia nós sabemos, ou melhor, cada um tem sua própria leitura, mas o que os pais de Joãozito leram nunca saberemos. Esta semana alguém me dizia que estava cansado de dedicatórias impessoais, seria a palavra amor impessoal......

Mas cada um é feito um por si. 
E o entendimento vai sempre via um olho só.

Riobaldo escolhe uma pedra de topázio para seu amigo Diadorim
mas a pedra acaba com Otacília 
Da amizade, do primeiro, tem certeza
Do amor, da segunda, incerteza.

Como é que se pode gostar do verdadeiro no falso? 
Amizade com ilusão de desilusão. Vida muito esponjosa.

O amor? Pássaro que põe ovos de ferro. 

Diadorim era aquela estreita pessoa – não dava de transparecer o que cismava profundo, nem o que presumia. Acho que eu também era assim. Dele eu queria saber? Só se queria e não queria.

Mas cada um é feito um por si. 
E o entendimento vai sempre via um olho só.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Viagem do (des) cobrimento 7 - Gravatas borboletas na Cidade do coração





Pensei o final de semana inteiro nas gravatas borboletas. Uma das Marias já escreveu sobre elas, mas assim como quase tudo que escreveu foi queimado ao vento.
As gravatas são uma de nossas paixões coletivas!!!! Nós amamos gravatas!!!! Nós amamos borboletas!!!! Nós amamos figurinos, figuras, figurinhas!!!! A produção faz parte de nós, Marias brasileiras. Todos os dias de nossa viagem modernista adaptamos algo da cor local em nosso figurino, pedras, bordados, retalhos, flores, acessórios. E nossa palavra diária: Quiti. Cada uma tinha seu Quiti do dia e esse Quiti nos fazia sair de casa só depois das 10h da manhã. 

Vida boa. 
Vida lotada de poesia. 
Vida de corpo intensamente vibrante. 
Vida de dançarina. 
Vida doída de sentimento. 
Vida cuidadosamente fotografada. 
Vida é noção que a gente completa seguida assim, 
Cada dia é um dia. 




Onde estamos? Em Codisburgo, Cidade do Coração. Como não ser apaixonda em Codisburgo? Agora entendemos as diferenças entre a poesia de Guimarães Rosa e Drummond. Itabira cidade da/de pedra, Codisburgo cidade do/de coração. 
É muito clichê, mas não foi possível deixar de sentir a paixão de nossa Guia Mirim na Casa Guimarães Rosa, uma menina de 13 anos, leitora de Guimarães Rosa, uma menina de 13 anos que nos regalou com uma performance no final da visita, recitando uma das partes mais lindas de Grande Sertão Veredas (se é que isso é possível!!!! Eu estou horas tentando escolher alguma parte do livro pra vocês, mas é muito difícil, quando começamos a ler não paramos, não dá pra parar!!!!). 


Não tem como não comparar, a diferença está na paixão, nos detalhes (esses detalhes vocês podem ver no vídeo sobre a Casa). Os moradores de Codisburgo são amantes da poesia, ou será a poesia amante deles?

"E amizade dada é amor. Eu vinha pensando, feito toda alegria em brados pede: pensando por prolongar. Como toda alegria, no mesmo do momento, abre saudade. Até aquela-alegria sem licença, nascida esbarrada. Passarinho cai de voar, mas bate suas asinhas no chão.

Hoje em dia, verso isso: emendo e comparo. Todo amor não é uma espécie de comparação? E como é que o amor desponta".
Sim Marias brasileiras, amizade dada é amor (precisa dizer mais alguma coisa????)



E ai conhecemos o homem do chapéu preto e do olho verde. As Marias não tiraram os olhos dele, em poucos segundos já travamos uma prosa séria e densa sobre o ser humano. O homem do chapéu preto e do olho verde nos prendeu com sua natureza naturalmente jagunciana, eu queria lembrar de alguma frase inteira, mas inteiro só lembro do cheiro dos olhos verdes e do peso das mãos no balcão. No reflexo do vidro uma única Maria brasileira registrando, enquanto as outras, cortadas do retrato, respiravam.

Acho que não vai dar para escrever o resto, resto não é bem a palavra, Codisburgo merece outra postagem, feito toda alegria em brados pede: pensando por prolongar.

E eu que quando era criança pensava ser impossível tanta felicidade em uma mesma pessoa....
Como toda alegria, no mesmo do momento, abre saudade.


sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Viagem da (des) coberta 6 - Quando acaba


(FOTO: Agata)


 As vezes uma imagem pode dizer muito, e as vezes um poema pode dizer tudo. A aranha, só, da Gruta da Lapinha em Lagoa Santa carregava em sua sombra este regalo da Maria Poeta moradora da ilha: Denise Vieira.  Isso só foi possível pois a parte superior da gruta é revestida de conchinhas do mar e eu me descubro...



Quando Acaba
                              
                              Denise Vieira

  Essa foi a primeira noite que fui sozinha pra cama
  sem estar de mãos dadas contigo.
  Tu sentaste na poltrona e ficaste me olhando.
  Talvez a contemplar a minha dor...
  E eu podia sentir, como a presença
  densa de um morto que acaba de partir.
  Deitei de lado.
  Frágil.
  Desejei dormir.
  E eis que me descubro
  como sempre estive:
  só!



quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Viagem do (des) cobrimento 5 - Itabira e a pedra


Escolher a foto para iniciar o mês de agosto foi muito difícil. Ainda temos muito para escrever sobre a Viagem do (des) cobrimento, eu ainda tenho coisas sobre Tiradentes guardadas para outras postagens, mas minha vontade agora era pular algumas coisas e ir direto para Itabira e partir em busca do menino que está e estará eternamente entrando no Memorial Carlos Drummond de Andrade
No alto do Pico do Amor, um guia torpe falou sem poesia, ou talvez com uma poesia magra de fome, sem luz. O que falou o guia duas de nossas Marias brasileiras ficaram sem saber, pois tudo que viam era ele declarando alto e em bom tom: 

"Que saco, Drummond nasceu aqui e eu não poderei mudar isso nunca. Que tédio vou passar minha vida toda falando desse cara!!!!!". Juro que não estou inventando, palavra de Maria brasileira!!!!

Bom, ainda bem que nosso menino brasileiro da porta de entrada não escutou isso, assim pode andar livremente entre livros de Drummond, livros sobre ele, fotos dele e de sua família, a sua máquina de escrever e uma pedra de Itabira. Oscar Niemeyer que projetou o memorial, ele que escolheu o local também, queria que fosse em um local bem alto e de frente para os poucos morros ainda existentes em Itabira, esses que podemos ver dentro da porta, depois do vidro da janela.


O que vimos em Itabira não dá pra contar, mas o gosto de nossa estada é de pão de queijo mineiro comprado no supermercado da frente do Pico do Amor. Sabor napolitano, catupiry e goiabada. Que delícia de pão de queijo, que delícia de letrinhas fora e dentro do memorial, que delícia de suco de melancia itabirano!!!!

Em Itabira a natureza preparou tudo, colocou no chão, no caminho do poeta: uma pedra. Não vou falar sobre isso, é forte demais, quem tiver vontade pode ler um texto de uma louca qualquer sobre isso. Agora o que quero é dizer que Itabira (ou talvez outra cidade qualquer) me apresentou uma Maria brasileira do outro mundo, mas que esteve sempre ali, do meu lado, Maria que tinha a fotografia de Itabira viva na cabeça e ainda doía. Maria poeta. Prometo não guardar pra mim, apresentarei em breve aqui no blog.  As Marias leram mais nesse dia e diretamente de Itabira levaram uma pedra do meio do caminho para casa.




A placa da Casa de Drummond revela seu estado e o carinho dos administradores!!!!! Incrível!!!!