Projeto Lerelena

Projeto Lerelena

Em homenagem ao centenário do nascimento da poeta paranaense Helena Kolody iniciamos o Projeto Lerelena.

Nove poetisas do sul brasileiro se propoem ao desafio de ler relendo (ler helena) e interInvencionar. A proposta é confluir e colidir a nossa letra com a dela, helena. As interInvenções serão sempre sensibilizadas por poemas seus. Nesta primeira etapa partiremos de nove poemas que serão postados a cada sexta-feira.


Miragem no caminho (Helena Kolody)

Perdeu-se em nada,

caminhou sozinho,
a perseguir um grande sonho louco.

(E a felicidade
era aquele pouco
que desprezou ao longo do caminho.)



segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Viagem do (des) cobrimento 7 - Gravatas borboletas na Cidade do coração





Pensei o final de semana inteiro nas gravatas borboletas. Uma das Marias já escreveu sobre elas, mas assim como quase tudo que escreveu foi queimado ao vento.
As gravatas são uma de nossas paixões coletivas!!!! Nós amamos gravatas!!!! Nós amamos borboletas!!!! Nós amamos figurinos, figuras, figurinhas!!!! A produção faz parte de nós, Marias brasileiras. Todos os dias de nossa viagem modernista adaptamos algo da cor local em nosso figurino, pedras, bordados, retalhos, flores, acessórios. E nossa palavra diária: Quiti. Cada uma tinha seu Quiti do dia e esse Quiti nos fazia sair de casa só depois das 10h da manhã. 

Vida boa. 
Vida lotada de poesia. 
Vida de corpo intensamente vibrante. 
Vida de dançarina. 
Vida doída de sentimento. 
Vida cuidadosamente fotografada. 
Vida é noção que a gente completa seguida assim, 
Cada dia é um dia. 




Onde estamos? Em Codisburgo, Cidade do Coração. Como não ser apaixonda em Codisburgo? Agora entendemos as diferenças entre a poesia de Guimarães Rosa e Drummond. Itabira cidade da/de pedra, Codisburgo cidade do/de coração. 
É muito clichê, mas não foi possível deixar de sentir a paixão de nossa Guia Mirim na Casa Guimarães Rosa, uma menina de 13 anos, leitora de Guimarães Rosa, uma menina de 13 anos que nos regalou com uma performance no final da visita, recitando uma das partes mais lindas de Grande Sertão Veredas (se é que isso é possível!!!! Eu estou horas tentando escolher alguma parte do livro pra vocês, mas é muito difícil, quando começamos a ler não paramos, não dá pra parar!!!!). 


Não tem como não comparar, a diferença está na paixão, nos detalhes (esses detalhes vocês podem ver no vídeo sobre a Casa). Os moradores de Codisburgo são amantes da poesia, ou será a poesia amante deles?

"E amizade dada é amor. Eu vinha pensando, feito toda alegria em brados pede: pensando por prolongar. Como toda alegria, no mesmo do momento, abre saudade. Até aquela-alegria sem licença, nascida esbarrada. Passarinho cai de voar, mas bate suas asinhas no chão.

Hoje em dia, verso isso: emendo e comparo. Todo amor não é uma espécie de comparação? E como é que o amor desponta".
Sim Marias brasileiras, amizade dada é amor (precisa dizer mais alguma coisa????)



E ai conhecemos o homem do chapéu preto e do olho verde. As Marias não tiraram os olhos dele, em poucos segundos já travamos uma prosa séria e densa sobre o ser humano. O homem do chapéu preto e do olho verde nos prendeu com sua natureza naturalmente jagunciana, eu queria lembrar de alguma frase inteira, mas inteiro só lembro do cheiro dos olhos verdes e do peso das mãos no balcão. No reflexo do vidro uma única Maria brasileira registrando, enquanto as outras, cortadas do retrato, respiravam.

Acho que não vai dar para escrever o resto, resto não é bem a palavra, Codisburgo merece outra postagem, feito toda alegria em brados pede: pensando por prolongar.

E eu que quando era criança pensava ser impossível tanta felicidade em uma mesma pessoa....
Como toda alegria, no mesmo do momento, abre saudade.


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