Projeto Lerelena

Projeto Lerelena

Em homenagem ao centenário do nascimento da poeta paranaense Helena Kolody iniciamos o Projeto Lerelena.

Nove poetisas do sul brasileiro se propoem ao desafio de ler relendo (ler helena) e interInvencionar. A proposta é confluir e colidir a nossa letra com a dela, helena. As interInvenções serão sempre sensibilizadas por poemas seus. Nesta primeira etapa partiremos de nove poemas que serão postados a cada sexta-feira.


Miragem no caminho (Helena Kolody)

Perdeu-se em nada,

caminhou sozinho,
a perseguir um grande sonho louco.

(E a felicidade
era aquele pouco
que desprezou ao longo do caminho.)



quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Viagem do (des)cobrimento (anexo 2) - A gravata borboleta e o pijama

Uma Maria brasileira saudadeana, Anali Mattar, resgatou um poema seu sobre a gravata borboleta, tudo a ver com nosso espírito Quitiano e as paixões coletivas, se explicar mais estraga. 
Para quem não sabe dar um nó, assista a aula do mestre gravateiro (o que não é o caso de nenhuma Maria brasileira, afinal todas são especialistas em nós).

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Anali Mattar

e a saudade quando agarra a gente,
assim mesmo, qualquer hora, de pijama,

é sensação paciente de contornar com o dedo uma gravata
borboleta

num estado de perfeição minuciosa
cada ponto traçado junto
dedo na mesa, mesa no dedo
dedo na mesa, mesa no dedo
dedo na mesa, mesa no dedo

e o cavalheiro ao lado diz o que é a repetição poética

sentido de forma contínua o gesto,
sempre o gesto, mas este:esse, sem corte,

é sensação sem lógica, horizontal, que já nasce grande sem nunca
envelhecer

num estado de amargura se cerca de doce amargo
cada minuto passado junto
língua no dente, dente na língua
língua no dente, dente na língua
língua no dente, dente na língua

e a saudade que é corpo do prsente,
vira pra ele, possuida, requisitando as teclas

num estado de euforia dormente
cada letra junta no espaço branco
eu no tu, tu no eu
eu no tu, tu no eu
eu no tu, tu no eu

e a saudade dorme estão de gravata borboleta

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